O Hatha Yoga Pradipika (3.70 – 3.73) ensina:
Contraia a garganta e aperte firmemente o queixo contra o peito. Este é jalandhara bandha que destrói velhice e morte. Porque ele amarra a rede de nadis e inibe a queda do néctar (jala) [da cavidade palatal], este bandha é chamado de jalandhara, e destrói todas as mazelas da garganta. Quando é realizado, o néctar não cai no fogo gástrico e o prana não é perturbado. Pela firme contração da garganta as duas nadis (ida e pingala) tornam-se inertes. Na garganta encontra-se o vishuddha chakra. Isto prende os dezesseis adhara (centros vitais - as correntes que fluem deste chakra).
A palavra sânscrita jalan significa "rede" e dhara significa "fluido" ou "corrente". Uma interpretação para jalandhara bandha é o fecho que controla a rede de nadis na garganta. A manifestação física destas nadis são os vasos sanguíneos e nervos que se encontram na garganta. Uma definição alternativa é que jal significa "garganta", jalan, "água" e dhara é um canal tubular no corpo. Jalandhara bandha é portanto o fecho da garganta que segura o néctar ou fluido que desce do vishuddha pelo bindu e o previne de cair no fogo digestivo. Desta forma o prana é conservado. Há também uma terceira interpretação. Adhara significa "base" ou "substrato". Há dezesseis centros específicos no corpo chamados adhara que se referem aos chakras. Jalandhara bandha seria a prática que prende a rede energética na garganta e redireciona o fluxo de energia vital deste adhara para o canal central chamado sushumna nadi.
COMO EXECUTAR 1 - Sente-se numa postura confortável, como siddhasana ou padmasana. As pessoas que não conseguirem permanecer nestas posturas sentadas podem fazer esta prática em pé, com o corpo ligeiramente curvado à frente;
2 - Feche os olhos, coloque as mãos sobre os joelhos e relaxe o corpo;
3 - Inale profundamente contando os segundos. Retendo o ar, desça o queixo e o pressione firmemente sobre o externo, onde há um encaixe perfeito. Mantenha a nuca e a parte posterior do pescoço esticados. Os ombros vêm um pouquinho para frente e para cima, aumentando a pressão. Neste momento deixe os braços esticados. Mantenha o máximo que puder, mas sem desconforto.
4 - Quando quiser inalar, desfaça o bandha, erguendo lentamente a cabeça. Exale devagar. Faça mais uma vez quando a respiração não estiver ofegante.
5 - Este bandha pode ser feito também ao final da exalação, mantendo-se os pulmões vazios durante todo o tempo. Mas isso deve ser feito somente por pessoas com bastante prática e de preferência com a recomendação de um professor experiente.
6 - Não respire enquanto a trava com o queixo esteja desfeita. No caso de sufocação ou engasgo, pare a prática e respire normalmente, esperando que volte ao estado normal para reiniciar.
DURAÇÃO E REPETIÇÃO
O bandha pode ser mantido, tanto com pulmões cheios ou vazios, pelo tempo que o praticante suportar. Comece com três repetições, progredindo à medida que for confortável.
INSERÇÃO NA PRÁTICA
Numa seqüência de prática, é aconselhável utilizar este bandha conjuntamente com pranayama e mudra. Se praticado isoladamente, faça-o depois de asana e pranayama e antes da meditação. Esse bandha acontece espontaneamente durante a execução de posturas invertidas.
EFEITOS
Pela contração exercida pelo queixo nessa área, há uma redução dos batimentos cardíacos devido à regulagem do sangue que passa por ali. Através da contração da tireóide e paratireóides o metabolismo é regulado, ajudando inclusive nos estados de obesidade ou dificuldades para engordar.
Além disso, há um relaxamento mental, aliviando o estresse, ansiedade e raiva, ajudando na introversão para a prática da meditação.
PRECAUÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES
Embora alguns professores indiquem para não realizar este bandha quem tenha problemas cardíacos ou de pressão alta, pesquisas recentes indicam que a prática de jalandhara bandha, quando bem executado, tem o efeito oposto, ou seja, reduz ligeiramente a pressão sanguínea. Pessoas com problemas na cervical devem avaliar sua posição junto a um professor habilitado.
Fonte: Inspire Yoga