
Como já dito no artigo anterior, a regularidade (abhyasa) é um aspecto essencial para progredir no caminho da Yoga. Se não praticarmos Yoga regularmente, por tanto tempo que nossa mente permitir, é improvável que alcancemos a meta. Nesse processo dinâmico de autoconhecimento, surgirão inúmeros obstáculos que nos desafiarão a manter a regularidade na prática.
No livro I do Yoga Sutras, Patanjali nos expõe quais são os principais obstáculos:
“Doença, tédio, dúvida, negligência, indolência, sensualidade, falsa percepção, fracasso em alcançar terreno firme e escorregar no terreno conquistado – estas distrações da substância mental são os obstáculos” (Yoga Sutras, 30.I)
Esses obstáculos são como uma bola de neve. Cada vez que você deixa um deles tomar importância em sua vida, a sua prática espiritual cai. Cada vez que você resiste a um deles e mantém a regularidade, você e sua prática se fortalecem. Os obstáculos são inevitáveis. E, até, são necessários, pois servem como combustível para a prática. A nossa reação aos obstáculos é que dirá se eles servirão para nos expandir ou deprimir espiritualmente. A reação é importante.
A reação mais comum é uma coisa negativa puxar a outra. Enfrentamos a doença e não conseguimos praticar como gostaríamos. Então vem o tédio. O tédio chama a dúvida. A dúvida traz a negligência e paramos de praticar. Aí vem indolência, sensualidade, falsa percepção e todas as qualidades que tamas (inércia, uma das três forças que regem o Universo) pode colocar em nossa existência. Entra-se num período obscuro e cheio de dúvidas.
No sutra seguinte (YS 31.I), Patanjali nos explica que as más notícias vão além. Os efeitos colaterais desses obstáculos que se tornam distrações mentais e nos desviam do caminho são: angústia, desespero, tremores do corpo e distúrbios da respiração.
Veja-se que a reação inicial a um obstáculo (doença) desencadeou uma série de outras coisas, que fogem ao controle. A regularidade na prática foi, então, minada. Agora, teremos que nos esforçar muito para retornar à regularidade que nos permite um fluxo harmonioso na progressão do gradual caminho do despertar na Yoga.
Então, o que fazer? Se os obstáculos são inevitáveis, como agir diante deles?
Eis as boas novas: é possível usar os obstáculos a nosso favor. Em vez de prejudicar nossa prática espiritual, os obstáculos podem enriquecer o caminho. Como diz Swami Satchidananda, no seu precioso comentário aos Yoga Sutras:
“a prática de Yoga é como uma corrida de obstáculos. Muitas obstruções são colocadas intencionalmente no caminho para que as ultrapassemos. Estão lá para fazer-nos compreender e revelar nossas próprias capacidades. Todos possuímos essa força, mas não aparentamos conhecê-la. Parece que precisamos ser desafiados e testados para que possamos compreender nossas capacidades.” (Os Sutras do Yoga de Patanjali, tradução e comentários por Sri Swami Satchidananda, p. 51)
Portanto, se os obstáculos são inevitáveis, façamos bom uso deles. A nosso favor.
Se resistirmos aos obstáculos iniciais e mantivermos a regularidade na prática, estamos seguros. E, melhor ainda, haverá um notável processo de fortalecimento interno. A cada resistência aos obstáculos, a cada pequena batalha ganha, tomamos maior consciência de nossa força interior.
Outro fator importante de escolher lutar, como Arjuna no Bhagavad Gita, em vez de sucumbir aos obstáculos é que a prática se revelará o seu próprio porto-seguro. Nela, podemos nos revitalizar no meio de períodos turbulentos. A partir dela ganhamos maior clareza de pensamento em situações que obscurecem a mente. E tomamos melhores decisões, se é que tomamos alguma decisão nessa vida. Aproximamo-nos da força que rege a Natureza para fluir harmonicamente para fora dos problemas.
No livro I do Yoga Sutras, Patanjali nos expõe quais são os principais obstáculos:
“Doença, tédio, dúvida, negligência, indolência, sensualidade, falsa percepção, fracasso em alcançar terreno firme e escorregar no terreno conquistado – estas distrações da substância mental são os obstáculos” (Yoga Sutras, 30.I)
Esses obstáculos são como uma bola de neve. Cada vez que você deixa um deles tomar importância em sua vida, a sua prática espiritual cai. Cada vez que você resiste a um deles e mantém a regularidade, você e sua prática se fortalecem. Os obstáculos são inevitáveis. E, até, são necessários, pois servem como combustível para a prática. A nossa reação aos obstáculos é que dirá se eles servirão para nos expandir ou deprimir espiritualmente. A reação é importante.
A reação mais comum é uma coisa negativa puxar a outra. Enfrentamos a doença e não conseguimos praticar como gostaríamos. Então vem o tédio. O tédio chama a dúvida. A dúvida traz a negligência e paramos de praticar. Aí vem indolência, sensualidade, falsa percepção e todas as qualidades que tamas (inércia, uma das três forças que regem o Universo) pode colocar em nossa existência. Entra-se num período obscuro e cheio de dúvidas.
No sutra seguinte (YS 31.I), Patanjali nos explica que as más notícias vão além. Os efeitos colaterais desses obstáculos que se tornam distrações mentais e nos desviam do caminho são: angústia, desespero, tremores do corpo e distúrbios da respiração.
Veja-se que a reação inicial a um obstáculo (doença) desencadeou uma série de outras coisas, que fogem ao controle. A regularidade na prática foi, então, minada. Agora, teremos que nos esforçar muito para retornar à regularidade que nos permite um fluxo harmonioso na progressão do gradual caminho do despertar na Yoga.
Então, o que fazer? Se os obstáculos são inevitáveis, como agir diante deles?
Eis as boas novas: é possível usar os obstáculos a nosso favor. Em vez de prejudicar nossa prática espiritual, os obstáculos podem enriquecer o caminho. Como diz Swami Satchidananda, no seu precioso comentário aos Yoga Sutras:
“a prática de Yoga é como uma corrida de obstáculos. Muitas obstruções são colocadas intencionalmente no caminho para que as ultrapassemos. Estão lá para fazer-nos compreender e revelar nossas próprias capacidades. Todos possuímos essa força, mas não aparentamos conhecê-la. Parece que precisamos ser desafiados e testados para que possamos compreender nossas capacidades.” (Os Sutras do Yoga de Patanjali, tradução e comentários por Sri Swami Satchidananda, p. 51)
Portanto, se os obstáculos são inevitáveis, façamos bom uso deles. A nosso favor.
Se resistirmos aos obstáculos iniciais e mantivermos a regularidade na prática, estamos seguros. E, melhor ainda, haverá um notável processo de fortalecimento interno. A cada resistência aos obstáculos, a cada pequena batalha ganha, tomamos maior consciência de nossa força interior.
Outro fator importante de escolher lutar, como Arjuna no Bhagavad Gita, em vez de sucumbir aos obstáculos é que a prática se revelará o seu próprio porto-seguro. Nela, podemos nos revitalizar no meio de períodos turbulentos. A partir dela ganhamos maior clareza de pensamento em situações que obscurecem a mente. E tomamos melhores decisões, se é que tomamos alguma decisão nessa vida. Aproximamo-nos da força que rege a Natureza para fluir harmonicamente para fora dos problemas.
Outra reação positiva aos obstáculos é a aceitação. A partir da aceitação de que eles estão ali por algo maior e necessário ao nosso crescimento, aumentamos a nossa fé. Com fé, vem toda a força que necessitamos para superar a tormenta. Nada mais é necessário. Estamos seguros.
Patanjali, novamente, nos ensina o melhor caminho para lidar com os obstáculos:
“A prática da concentração em um único objeto (ou uso de uma técnica), é o melhor modo de evitar os obstáculos e seus efeitos colaterais.” (YS 32.I).
Isto significa que não adianta sair pulando de técnica em técnica a cada vez que encontra um obstáculo. Não adianta colocar em dúvida o caminho que vinha percorrendo. Se começamos a cavar um poço e não achamos água no início, não adianta ficar cavando vários poços ao redor. É necessário ir fundo para achar a água. Portanto, persistência com firme convicção em seu caminho escolhido é fundamental para lidar corretamente com os obstáculos. E se você ainda não tem um caminho escolhido, encontre um e verá que lhe será de grande suporte no enfrentamento dos obstáculos.
Se mesmo assim tem dúvidas quanto ao seu caminho, vá pelo mais primordial. Patanjali nos diz que através da prática da repetição do mantra OM todos os obstáculos desaparecem e simultaneamente alvorece o conhecimento do Eu interior (YS, 27 a 29. I).
Assim, não há por que temermos os obstáculos. Eles são, até, bem-vindos! Existem até muitas preces na filosofia oriental para que a vida lhes traga obstáculos, pois, somente assim, conseguimos progredir mais rapidamente até a meta: o pleno conhecimento de Si.
Boas práticas!
Hari Om Tat Sat
Henrique Saad: no caminho da Yoga desde 2005, dá aulas e retiros na Chácara Anahata, em São Roque - www.chakraanahata.org -- Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Livros utilizados como base para quem quiser se aprofundar:
Meditation and Spiritual Life - Swami Yatiswarananda - Ramakrishna Advaita Ashrama
Complete Works of Swami Vivekananda - Ramakrishna Advaita Ashrama
Os Sutras do Yoga de Patanjali - Sri Swami Satchidananda