Fala-se com freqüência que yamas e niyamas não são preceitos éticos e morais, embora pareçam ser. Nos meus primeiros dias como estudante de yoga tive dificuldades para compreender isso. Quando lemos algo sobre ahimsa a maioria de nós interpreta o texto como se estivesse diante de uma decálogo e tende, pela natureza da mente ocidental, a interpretar tudo em termos de proibições e permissões, como se houvesse algo ou alguém realmente disposto a lhe impor fiscalização e punição.
Os Ioga Sutras, ou Aforismos da Ioga, é o texto clássico que codificou o conhecimento tradicional sobre a ioga. Foi escrito por Patañjali, renomado siddha (sábio) nascido na região a noroeste da Índia, e que obteve notoriedade ensinando a ioga no sul daquele país. Acredita-se que tenha vivido por volta da época de Siddharta Gautama, o Buda, no século V a.C., ou pouco tempo depois.
O homem é consciente de si mesmo, de um ser que é incompleto. Essa auto-apreciação é peculiar ao homem, visto que, sendo consciente, ele é também consciente das próprias imperfeições, o que dá origem ao descontentamento. Assim sendo, a vida de um dado indivíduo é governada por desejos que estabelecem o fato dele não estar à vontade consigo mesmo.
Livro I
1. Agora iniciamos a exposição do Yoga.
2. Yoga é a restrição das modificações da mente.
“Conhece-te a ti mesmo” era o dístico, que tendo achado no pórtico do templo de Delfos, Sócrates ensinava a seus discípulos. Auto-analisa-te, diríamos hoje. Pratica vichara (autopesquisa), ensina o yoga. Em outras palavras, eu sugeriria: desilude-te em relação a ti mesmo.
Ahamkara – Noção do ego. É uma das quatro faculdades da mente, que é formada por manas, buddhi, chitta e ahamkara. Através do ahamkara, a nossa Essência/Pura Consciência (Purusha) falsamente se identifica com a não-essência, que é o corpo físico, mente e objetos materiais.
Ahimsa – Não violência; pacifismo; não reação, benevolência, brandura.