Havia um reinado que foi invadido por bárbaros e o Rei foi trancafiado num forte, no topo de uma alta montanha. Trancaram o Rei lá, deixando-o sem alimento à espera de sua morte. Às escondidas a Rainha foi de madrugada no pé do forte aonde estava trancafiado o Rei. Era um forte incrivelmente alto, impossível subir até lá, então de baixo conversava com o Rei tentando imaginar um jeito de tirá-lo de seu cárcere.
O Rei disse para a Rainha: “Não se preocupe. Já sei como sairei daqui. Venha aqui amanhã à noite e traga quatro coisas: um besouro, um pouco de mel, um fio de seda bem fino e um pedaço de corda maior.”
Na noite seguinte a Rainha voltou com os itens e chamou o Rei lá de baixo do forte. O Rei, então, pediu:
Pegue o besouro e amarre o fio de seda em uma de suas perninhas.
Coloque um pouco de mel em suas antenas.
Deixe o besouro de frente para a parede que sobe até o topo do forte.
Assim, com o aroma do mel, o besouro começou a andar para frente e subiu até o topo do forte, entrando pela janela e encontrando o Rei com o longo e fino fio de seda.
Com o fio de seda em suas mãos, o Rei pediu que a Rainha atasse na outra ponta a corda maior, escapando assim de seu presídio.
Comentário Espiritual:
Esta é uma estória comumente relatada nos Upanishads sobre o prana e o controle da respiração. O fio de seda bem fino e delicado representa a nossa tentativa de nos harmonizarmos com o prana, a energia cósmica que nos permeia. Assim, através da respiração, algo tão pequeno e delicado como o fio de seda, nos preparamos para entrar em contato com uma energia muito maior, o prana cósmico. Através dele, como o Rei, conseguiremos escapar do nosso presídio de individualidade alcançando a identidade com o Todo. Através de algo pequeno e sutil ganhamos acesso a todo o restante do Cosmos.
Fonte: Conto escrito a partir de anotações realizadas nos Comentários ao Yoga Sutras com Swami Nirmalatmanda, no Ramakrishna Ashram, São Paulo. Todas às quartas-feiras, das 19:30 às 20:30. Info: www.vedanta.org.br
Advertência:
Este conteúdo é de uso estritamente informativo e recomenda-se, sempre, o auxílio pessoal de um instrutor qualificado.