
Durante as férias de dezembro, meu marido foi para um retiro de meditação de 10 dias em silêncio. Não é minha idéia de diversão, mas ele voltou rejuvenescido e enérgico.
Ele disse que a experiência foi tão transformadora que comprometeu-se a meditar durante duas horas por dia, uma pela manhã e outra à noite, até o final de março. Ele está fazendo um experimento para determinar se e como a meditação melhora realmente a qualidade de sua vida. Eu admito que sou cética.
Ele disse que a experiência foi tão transformadora que comprometeu-se a meditar durante duas horas por dia, uma pela manhã e outra à noite, até o final de março. Ele está fazendo um experimento para determinar se e como a meditação melhora realmente a qualidade de sua vida. Eu admito que sou cética.
Mas agora, os cientistas dizem que os meditadores como o meu marido podem estar se beneficiando das mudanças em seus cérebros. Os cientistas relatam que aqueles que meditaram por cerca de 30 minutos por dia durante oito semanas apresentaram mudanças mensuráveis na densidade de matéria cinzenta em regiões do cérebro associada à memória, sentimento de empatia, autoconhecimento e estresse. Os resultados aparecerão na edição de 30 de janeiro do “Psychiatry Research – Neuroimaging”.
Imagens de ressonâncias magnética do cérebro foram feitas antes e após a prática regular de meditação dos participantes e foi encontrado um aumento de substância cinzenta no hipocampo, uma área importante para o aprendizado e memória. As imagens também mostraram uma redução da massa cinzenta na amígdala, uma região ligada à ansiedade e ao estresse. Um grupo de controle que não praticou meditação não demonstrou alterações.
Mas como meditam esses voluntários do estudo, que buscam a redução do estresse em suas vidas? Tantas pessoas falam de meditação hoje em dia. Dentro de quatro quilômetros de minha casa, há pelo menos seis centros que oferecem algum tipo de aula de meditação, e muitas vezes escuto frases como: "Então, como foi a sua meditação hoje?"
Britta Hölzel, uma psicóloga no Hospital Geral de Massachusetts e da Escola Médica de Harvard, autor principal do estudo, disse que os participantes praticaram a meditação “mindfulness”, uma forma de meditação que foi introduzida nos Estados Unidos no final de 1970. Ela tem suas raízes nas mesmas técnicas budistas que meu marido egue.
"A idéia principal é usar objetos diferentes para focar a atenção, e que poderia ser um foco nas sensações da respiração, ou emoções ou pensamentos, ou a observação de qualquer tipo de sensações do corpo", disse ela. "Mas trata-se de trazer a mente de volta para o aqui e agora, ao invés de deixar a mente vagar."
Geralmente os meditadores meditam sozinhos, em pé, ou sentados sobre uma cadeira ou sentados no chão e em silêncio, embora às vezes pode haver um guia que conduz uma sessão de meditação, diz o Dr. Hölzel.
Naturalmente, é importante lembrar que o cérebro humano é complicado. Entender o como se dá o aumento da densidade da massa cinzenta do cérebro ainda é uma matéria complicada e duvidosa.
"O campo de atuação é muito, muito recente, e nós realmente não sabemos o suficiente sobre isso ainda", disse Dr. Hölzel. "Eu diria que estes resultados são ainda bastante preliminares. Vemos que há algo lá, mas temos de replicar essas descobertas e descobrir o que eles realmente querem dizer."
Tem sido difícil identificar os benefícios da meditação, mas um estudo de 2009 sugere que a meditação pode reduzir a pressão arterial em pacientes com doença coronariana. E um estudo de 2007 descobriu que os meditadores têm maior capacidade de concentração.
Estudos anteriores também mostraram que existem diferenças estruturais entre os cérebros de meditadores e os que não meditam, mas este novo estudo é o primeiro a documentar as mudanças na massa cinzenta ao longo do tempo através da meditação.
Finalmente, a Dra. Hölzel disse que ela e suas colegas gostariam de demonstrar cientificamente como a meditação pode resultar em melhoria definitiva na vida das pessoas.
"Muitos estudos apontam que há um aumento no bem-estar, melhora na qualidade de vida, mas é sempre difícil de determinar como você pode testar isso objetivamente", diz ela. "Relativamente pouco é conhecido sobre o cérebro e seus mecanismos psicológicos durante a prática."
Num estudo de 2008 publicado na revista PloS One, os pesquisadores descobriram que quando meditadores ouviram os sons das pessoas em sofrimento, eles tiveram níveis de ativação mais forte numa parte do cérebro ligada à empatia, do que pessoas que não meditam.
"Eles podem estar mais dispostos a ajudar quando alguém sofre, e agir com mais compaixão", disse a Dra. Hölzel.
Novos estudos são necessários, mas que este início já é um bom presságio para mim.
Por agora, estou mais do que feliz para apoiar a pequena experiência do meu marido, apesar do fato de que agora ele se levanta às 5 da manhã e está esgotado às 10 da noite.
Um marido simpático, que leva o lixo para fora e coloca gasolina no carro, apenas por saber que eu não gosto de fazer essas coisas – Acho que posso agüentar isso.
Fonte: Blog New York Times , traduzido por Lua Shanti