Medicina e ioga, juntas, na luta contra o câncer

Aos poucos, cada vez mais, a medicina tem se misturado com a filosofia. Num ambiente no qual a razão predomina, são as tentativas de lutar pela vida que têm aproximado médicos, pacientes oncológicos e a ioga no mesmo espaço. Hospitais de excelência têm se tornado pioneiros nessa junção, enquanto pacientes, de forma geral, recorrem aos exercícios com técnica oriental para se fortalecer física e psicologicamente.

Quando recebeu o diagnóstico de câncer de mama há sete anos, a arquiteta de interiores Suraia Raid, de 54 anos, ficou arrasada: “Foi uma sentença de morte”, desabafa.

Mesmo assim, contra o tabu que a doença carrega, Suraia foi buscar na filosofia uma maneira de se reerguer. “Com as técnicas de respiração, eu consegui reprogramar meu corpo para estar mais disposta, mesmo com o impacto das sessões de radioterapia”, conta a arquiteta.

O caso dela é parecido com o do representante comercial Luiz Carlos Maciel, de 60 anos. Com o diagnóstico recente de leucemia, ele deixou de sofrer com sintomas da quimioterapia: “Parei de sofrer enjoos e vômito. Meu corpo mudou”, vibra.

A professora de ioga de Maciel, Flávia Gomes, explica que o aluno praticante trabalha a autoestima, importante no acompanhamento da doença: “O paciente percebe que é mais do que aquilo que ele enfrenta, trabalhando a autoconfiança”, aponta.

Ciência e espírito

Há seis meses, cerca de 60 pessoas se reúnem no Hospital Israelita Albert Einstein com professores de ioga. O encontro, no qual todos são pacientes oncológicos, ocorre com a supervisão do médico Paulo de Tarso, chefe da Medicina Alternativa da unidade: “A mudança inicial vem exatamente nos sintomas primários, como dores, estresse e ansiedade”, diz ele.

O especialista explica ainda que é possível usar o espírito dentro da ciência. E isso acontece quando o tratamento começa a se alinhar com a filosofia. “É a abertura da mente e de novos recursos para esses pacientes”, afirmou Paulo de Tarso.

Arquiteta diz que condicionamento a levou a recuperar o prazer de viver

A psicóloga do Centro Oncológico de Niterói, Paula Ângelo, realiza acompanhamento de pacientes com câncer em parceria com um estúdio de ioga: “Há inúmeros trabalhos de reconhecimento internacional sobre os benefícios da prática para esse tipo de paciente”, destaca.

Segundo a especialista, a mudança no conhecimento do próprio corpo começa quando o praticante de ioga, através da filosofia, passa a mudar sua percepção sobre si: “Eles têm mais contato com a mente e reprogramam sua forma de ver a vida. Saem do estágio de depressão”, conta.

Assim como tantos outros pacientes, a arquiteta Suraia Raid usou o método para resistir ao baque da chegada do dia diagnóstico: “Perdi o chão no dia, mas, aos poucos, fui percebendo que eu não me reduzia ao estágio de paciente. Com o condicionamento mental da ioga, eu me preparava para vencer a doença”, conta Suraia .

E a comprovação veio rápido, numa das primeiras sessões: “Lembro de ter saído da ioga pra cima, alegre, feliz. Andava pela rua sorrindo, disposta a vencer”, afirma a arquiteta.

 

Fonte: O Dia


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